Colocar uma mochila nas costas e cair na estrada em busca de caronas que o levem para os lugares mais incríveis é uma maneira de viajar de graça. Mas não é a única. A tecnologia possibilitou outras formas de conhecer o mundo sem gastar dinheiro — ou, ao menos, desembolsando muito pouco.
Hoje já é possível encontrar hospedagem gratuita pela internet ou até pedir um financiamento coletivo para a sua viagem. Há, ainda, a opção de se engajar em uma causa social ou usufruir de milhas aéreas acumuladas. Conheça abaixo algumas dessas alternativas, veja qual tem mais a ver com o seu perfil (talvez você una mais de uma delas) e programe as suas próximas férias.
Trocar de casa
Alguns sites reúnem pessoas dispostas a ceder a casa e que, literalmente, trocam seus endereços por um tempo. O intercâmbio pode ser simultâneo ou não. Ou seja, você pode ocupar a casa do hóspede enquanto ele se muda para a sua. Mas também é possível ceder a estadia e obter um crédito para uma futura hospedagem na casa do seu atual convidado, num período acordado com ele.
O Home Exchange é o site mais famoso do ramo, disponibiliza mais de 50 mil casas, em 150 países, e possui versão em português: o Troca Casa (www.trocacasa.com). Para se cadastrar, é preciso pagar uma anuidade de US$ 9,95 e detalhar as características da sua residência, com fotos, inclusive. Caso você não realize nenhuma troca no primeiro ano, o site oferece mais um ano gratuitamente.
Em 2013, a Universidade de Bergamo, na Itália, realizou um estudo com sete mil membros da rede de troca de casas e apontou que 93% deles ficaram satisfeitos com a experiência e 75% qualificaram como confiável a pessoa com quem trocaram de endereço. Desses entrevistados, a metade tem família e filhos.
Couchsurfing
A prática, que pode ser traduzida, ao pé da letra, como “surfar no sofá”, implica em hospedar-se gratuitamente na casa de moradores de um determinado local. O sofá não é necessariamente o que eles têm a oferecer, muitos disponibilizam camas, colchões e até quartos privativos para os visitantes.
O site mais conhecido de adeptos dessa prática é o www.couchsurfing.org. Para utilizá-lo, basta entrar no endereço eletrônico, criar um perfil online e começar a busca de uma acomodação. Fica mais fácil escolher um lugar bacana ao olhar as recomendações já feitas por outros “coachsurfers” que passaram pelo destino.
“O mais legal do couchsurfing é conviver com pessoas locais, que vão ajudar você a conhecer os lugares que só os moradores da cidade frequentam. A imersão na cultura é muito mais intensa, não se compara a de um turista que vai, fica em um hotel e visita só os pontos turísticos”, diz o mochileiro e fotógrafo Leonardo Maceira, que há cinco meses tem viajado pelo Brasil sem dinheiro na carteira, registrando suas aventuras em sua página do Facebook (https://www.facebook.com/OsLugaresdeCadaUm).
Vale saber que o anfitrião tem todo o direito de não aceitar um pedido de hospedagem feito via couchsurfing. Por isso, é bom sempre ter mais de um “sofá” como opção, antes de programar a sua viagem.
Trocar trabalho por comida e hospedagem
Você pode ter acomodação e refeições gratuitas em outro país se estiver disposto a ceder algumas horas do seu dia para trabalhar em um negócio, que pode ser uma fazenda, uma casa de família, um rancho, alojamento ou albergue. Existem muitos estabelecimentos ao redor do mundo que oferecem, além de comida e um local para dormir, acesso gratuito à internet e a oportunidade de conviver com a comunidade local. Tudo em troca de uma ajuda.
O site HelpX (http://www.helpx.net/) reúne muitos locais ao redor do mundo que aceitam essa prática. Quem recebe os voluntários geralmente exige um compromisso. Na média, são necessárias quatro horas diárias de trabalho para usufruir desses benefícios, mas pode haver variações.
Como regra geral, ao ajudar mais, você tem mais regalias. Por exemplo: quem prefere trabalhar por duas horas diárias talvez só consiga um local para dormir, enquanto quem se coloca à disposição por seis horas diárias poderá ter, além das refeições, um quarto privativo. Muitas das oportunidades são em áreas rurais, por isso, têm mais chances aqueles que incluem no perfil habilidades como saber mexer com plantas e colher frutas, cuidar de animais e andar a cavalo.
Ser voluntário de causas sociais
Essa é uma forma de viajar a custo baixíssimo – geralmente se paga a passagem aérea e o seguro saúde – mas só serve para aquelas pessoas que não querem apenas carimbar o passaporte, mas que estão interessadas em se envolver em grandes projetos humanitários.
“É para quem tem vontade de conhecer o mundo não somente para aprender um idioma e, sim, para desenvolver responsabilidade social”, diz Moira Helena, diretora de intercâmbios sociais para estudantes da Aiesec no Brasil, organização estudantil sem fins lucrativos que, em 2013, levou 1.600 brasileiros para trabalharem como voluntários em outros países.
Para embarcar nos intercâmbios oferecidos pela organização é preciso ter entre 18 e 30 anos e inglês no nível intermediário. Colômbia, Argentina, Índia, Romênia, Hungria, Turquia e Egito são alguns dos países que entram nos programas, com duração de seis a doze semanas. Ao chegar no destino, os voluntários geralmente dão apoio a uma ONG local em áreas diversas, como financeira e comunicação. Em alguns casos, os jovens também podem ser treinados para atuarem como professores temporários de escolas locais.
Viajar com milhas
É verdade que acumular milhas aéreas custa, porque você precisa gastar para obter esse benefício. No entanto, se consegue isso adquirindo itens que iria comprar de qualquer maneira, essa é, sim, uma grande vantagem. Opções de programas de fidelidade não faltam, basta escolher aquele que oferece os melhores benefícios. Uma dica é optar por um programa que possua voos para os destinos que pretende visitar. Assim, é mais fácil se fidelizar. Caso contrário, você terá pontos espalhados por diversos programas, que dificilmente o levarão aonde quer chegar. Outra recomendação é escolher um cartão de crédito que ofereça uma boa troca do valor gasto por pontos e concentrar as compras nele. Por fim, é importante considerar a validade dos pontos e se planejar para conseguir acumular uma boa milhagem antes de ter de resgatar.
Pedir doações em sites
O crowdfunding é uma iniciativa de financiamento coletivo, uma maneira de captar recursos por meio de doações em dinheiro para um projeto específico. A ação já foi utilizada para viabilizar os mais diversos planos e agora também está disponível para quem quer ter sua viagem financiada.
O Trevolta (http://www.trevolta.com/) oferece a oportunidade de você montar o roteiro da sua viagem e, após precisar a quantia de dinheiro necessária para realizá-la, pedir contribuições.
Mas é claro que não é qualquer viagem que consegue patrocinadores. Para um crowdfunding de viagem ser bem-sucedido, é preciso ter diferencial. O “New York to Patagonia… By Ambulance!” (De Nova York à Patagônia… Em uma ambulância), por exemplo, conseguiu levantar US$ 8 mil dos US$ 10 mil pedidos. A proposta era viajar em uma ambulância da Big Apple até a América Latina e, ao fim da rota, doar o veículo para uma organização que presta atendimento de saúde para as comunidades carentes da Colômbia.
Ideias muito boas podem até ser patrocinadas por empresas. Outra opção para viabilizar o seu sonho é oferecer recompensa para os doadores, como cartões-postais do destino, fotografias e lembrancinhas locais.
Jacqueline Moraes
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