O que foi esse final de semana?
Eu
andando de skate as 8 da manhã, ou conseguindo acertar a manobra que eu queria
e quase não caindo até chegar lá. Foi o que eu não comi no almoço de sábado?
Foi uma saudade que eu não tive ou foi trocada por desejo? Foram as
perambulações por entre os velhos moveis nas horas vagas antes do sol se pôr?
Fui busca-las mal sabendo o que seria da noite.
Eram nove e meia e todos riam, eu a lhe explicar partes da loucura do meu mundo. Rodamos por corredores de arroz, bebida e lixo procurando decidir qual seria a janta.alguém chacoalhava um flã ou um pudim qualquer, rimos por isso também. Estava decidido; Seria pizza.alguém quis iogurte, achei graça, tinha alguém entrando efetivamente em minha vida. As mulheres foram ao banheiro, elas sempre vão. Eu me sentia confortável com os amigos naquele lugar, qualquer proposta pareceria irrecusável. A noite cigana me pareceu medíocre em vista de andar sem destino pelas ruas ao lado das almas mais sinceras com as quais eu convivia. O plano era enrolar, perder o ônibus. Nunca gostei de baladas, o barulho, a doação dos corpos sem o devido dialogo das almas, somados à novidade e a distancia, tudo isso me impelia a acomodar-me por ali. Pensando bem eu perdera muito por todo o comodismo. Eu precisava me entregar às novidades, curtir a profundidade sincera de uma boa e valiosa alma, e todas aquelas eu conhecia bem, exceto uma.
Eram nove e meia e todos riam, eu a lhe explicar partes da loucura do meu mundo. Rodamos por corredores de arroz, bebida e lixo procurando decidir qual seria a janta.alguém chacoalhava um flã ou um pudim qualquer, rimos por isso também. Estava decidido; Seria pizza.alguém quis iogurte, achei graça, tinha alguém entrando efetivamente em minha vida. As mulheres foram ao banheiro, elas sempre vão. Eu me sentia confortável com os amigos naquele lugar, qualquer proposta pareceria irrecusável. A noite cigana me pareceu medíocre em vista de andar sem destino pelas ruas ao lado das almas mais sinceras com as quais eu convivia. O plano era enrolar, perder o ônibus. Nunca gostei de baladas, o barulho, a doação dos corpos sem o devido dialogo das almas, somados à novidade e a distancia, tudo isso me impelia a acomodar-me por ali. Pensando bem eu perdera muito por todo o comodismo. Eu precisava me entregar às novidades, curtir a profundidade sincera de uma boa e valiosa alma, e todas aquelas eu conhecia bem, exceto uma.
Elas
saíram do banheiro - passaram um bom tempo fotografando e sorrindo lá dentro
(-). Do lado de fora eu lia a pior espécie de classificados que existe e
obviamente ria dos anúncios medíocres.
Andamos
até a pizzaria e após alguma escolha pedimos 3 redondas de um lugar que
batizamos de ‘pizza de cremo gema’ devido ao aspecto e ao sabor do pseudo catupiry
que eles aplicavam sobre a massa.
A
nova namorada do meu melhor amigo precisou de cigarros, então os dois saíram,
um tempo se passou e meu outro amigo e sua respectiva namorada foram na busca
dos dois primeiros. Restavamos eu, minha irmã e aquela loira(que havia cortado
o próprio cabelo e o colorido num tom quase negro) da qual eu mal podia conter
a ansiedade de estar a sós com ela, eu tava doido pra curti-la.
Depois
de vinte minutos eu já não sabia se meus amigos demoravam pra achar os cigarros
ou se era pra que eu perdesse o ônibus. Pra mim tanto faz – pensei - ... se eu
ficar por aqui vai ser difícil me aproximar e curtir aquela garota como eu
gostaria. Decidi pegar o ônibus e viver tudo aquilo. A pizza chegara, as
garotas ansiosas abriram as caixas,com os dedos a loira tirava uma fatia da de
frango. Não havia nojo em tocar sem talheres o alimento, ela era pura classe
mastigando sem derrubar aquele esfarelado recheio, não que eu ligasse pra isso,
mas gostei de olhar, eu tava gostando de tudo e isso era meio raro. Olhei pro
lado, não queria estragar tudo,meus amigos vinham aos pares, um de cada lado da
rua.
Serviram-se,comi, todos tinham fome, em menos de vinte minutos tudo não passava de guardanapos e copos sujos empilhados em meio a caixas de papelão vazias.
Serviram-se,comi, todos tinham fome, em menos de vinte minutos tudo não passava de guardanapos e copos sujos empilhados em meio a caixas de papelão vazias.
Por
um segundo me lembrei dos meus tempos na pizzaria, empresa da família,
naturalmente desgastante com mais o bônus das risadas falsas, criticas
descomedidas e redondas gratuitas. Os blues de madrugada e os pães pela manhã
faziam a coisa ser suportável, mesmo vivendo sem honorários.
Andávamos
de braços dados, despedi-me dos meus tendo a estranha certeza de que aquela
noite ficaria marcada em minhas retinas, a alegria e a loucura de tudo aquilo
eram mágicas, subimos no ônibus. Ela estava usando uma linda saia preta com uma
espécie de terninho por sobre uma regata rosa e sapato de salto, quase caiu ao
descer do ônibus, àquela não era a primeira vez e nem seria a mais prazerosa.
Entramos no trem, logo descemos e pegamos outro. Ventava um bocado onde saímos. Eu já estivera lá, era na Vergueiro e um violinista arranhava as cordas fazendo o instrumento miar como um gato fértil, isso não importava, ele não tava lá dessa vez, estávamos do lado (dos números) par(es), atravessamos descendo pela escada rolante que ela mencionou em subir, caímos numa paralela, junto a um terminal de ônibus, enquanto passávamos por ele agarrei sua cintura com firmeza, seu corpo se apertou contra o meu ao transpor o meio-fio. Eu fui inacreditavelmente besta, estava feliz pelos pés de veludo desfilarem suaves e ligeiros ao meu lado. Experimentei suas mãos, agora cobertas de negras luvas, enlaçaram-se às minhas. Haha, que romantismo barato eu assumia!!! De um carro se insinuou um daqueles sujeitos medíocres que precisam expor a potência dos seus alto-falantes para se afirmar e se afogam em bebidas baratas como desculpa para serem completamente autênticos e bizarros. Andávamos intransigentes, impassíveis, eu de terno, colete e chapéu, elas se sublimando deslizavam.
Entramos no trem, logo descemos e pegamos outro. Ventava um bocado onde saímos. Eu já estivera lá, era na Vergueiro e um violinista arranhava as cordas fazendo o instrumento miar como um gato fértil, isso não importava, ele não tava lá dessa vez, estávamos do lado (dos números) par(es), atravessamos descendo pela escada rolante que ela mencionou em subir, caímos numa paralela, junto a um terminal de ônibus, enquanto passávamos por ele agarrei sua cintura com firmeza, seu corpo se apertou contra o meu ao transpor o meio-fio. Eu fui inacreditavelmente besta, estava feliz pelos pés de veludo desfilarem suaves e ligeiros ao meu lado. Experimentei suas mãos, agora cobertas de negras luvas, enlaçaram-se às minhas. Haha, que romantismo barato eu assumia!!! De um carro se insinuou um daqueles sujeitos medíocres que precisam expor a potência dos seus alto-falantes para se afirmar e se afogam em bebidas baratas como desculpa para serem completamente autênticos e bizarros. Andávamos intransigentes, impassíveis, eu de terno, colete e chapéu, elas se sublimando deslizavam.
Damas primeiro;
- nome na lista
ou vestido à caráter?
- os dois, qual
for mais barato
- Latino até a
alma – disse-me entregando o papel com o valor da entrada
- foda-se; teu cú
– pensei alto
Cadastro, revista, que merda!pra que tanta
foda? Burocracia ridícula. Não preciso de arma pra foder alguém. Precisava
querer muito vestido assim.
Cada pedaço de parede era ocupado por
recortes de jornal com fotos de atores e artistas mortos ou decadentes e havia
um filme em rolo porcamente desenhado e objetos antigos e quebrados com pintura
e polimento refeitos. Adjetivos: tranqueira; porcarias; quinquilharias de um
sebo vagabundo. Sob a cabine do DJ havia um espelho voltado para a pista. Tinha
um palco e cortinas vermelhas escondendo rebuscados candelabros inutilizados.
Tudo muito gay e delicado pro meu gosto, desisti de olhar, aquilo me chateava.
Sentamos numa espécie de palco, voltei
meus olhos pra ela, e agora ela tava com a regata e aquele pingente de nota em
colcheia pendia para dentro e para fora daquele decote. A musica era ruim mas a
casa tava vazia, e eu já sabia o tempo e o tom que conduziriam a nossa noite.
Pedi uma cerveja, esperei que trouxessem, bebi com calma olhando quem estivesse
por lá. Terminei, me inclinei em seu ouvido e lhe propus algo. Nunca soube
dançar e agora aqueles inacreditáveis olhos verdes saltitavam em minha frente.
Eu tinha que cuidar dela. Ela me movia.
No começo meus passos eram puro receio, eu
agradecia profundamente por ela ter trocado o chinelo que expunha seus dedos
tingidos de vermelho, ela o tinha trocado por um sapato de salto negro
aveludado do qual eu só lembrei devido a ridícula estampa de onça que cobria
parte do forro interno. O batom vermelho sobre aqueles delicados e firmes
lábios me agradava muito mais. Deixem-me dizer que sempre desgostei de maquiagem
em geral, sua principal função é mascarar. E eu odeio mascaras, odeio ilusões,
coisas que geram sentimentos falsos. Por outro lado aprendi a gostar dos
esmaltes de cores solidas, gostava especialmente das mãos disfarçadas de
vermelho vivo e gostava ainda mais quando pedaços de realidade eram expostos
através das lascas de esmalte faltando. Quem sabe por ter vivido uns Blues eu
tinha predileção por azul. O tom usado das unhas era claro e brilhante como
tudo que gritava vindo dela.
Dancei ganhando fôlego e ousando mais em
cada musica. Ela me experimentava. Eu não sabia onde pôr os braços, e isso foi mais
ou menos quando ela começou a girar. A maneira como nossos olhos se encontravam
nos dava segurança e um pouco de certeza.
Ela tinha apenas bebericado um drink. Não
demorou muito pra que ela caísse após um de seus maravilhosos giros. Um pouco
da certeza que me cabia dizia que seu corpo se segurando e apertando conta o
meu não eram simples efeito da bebida. Nossos corpos a se encontrar ganhavam
força, e seus abraços me ensinaram bem onde eu devia brincar com as mãos, as
vezes parávamos numa troca de faixa tentando entender qual era a ligação de uma
musica com a outra, tentamos entender o que nos tocaria, tanto faz o que ligava
duas beats não tão diferentes, agora fluíamos juntos e leves, não imaginávamos
o nosso futuro, apenas curtíamos aquele momento, duas almas flertando, pura e
simplesmente através das coisas mais simples e verdadeiras que conheço: gestos,
cheiros, sentimentos, a batida dos nossos corações se transformando em passos e
se esculpindo em nós mesmos, nossos corpos rindo, transavamos através de
olhares, como janelas escancaradas externando a doce fúria de nossas sonoras
almas.
Apesar da péssima sobreposição ao longo da
quase-sofrivel trilha musical nós dois sobreviveríamos a essa noite, sairíamos
juntos dela.
Paramos,
era justo com nossos músculos. Seus pés doíam devido aos pulos que eu a fizera
dar. Descalçou os sapatos, não antes sem irmos ao bar, e ela secou a garrafa
num gole só – da mesma maneira como queimávamos nossas almas: numa só noite, de
uma só vez. Voltamos à beira do palco caminhando de mãos dadas através da
multidão. Mesmo parados eu conseguia ver seu interior fervilhar sem deixar
perder o ritmo um instante sequer. Mas esse não era simplesmente o ritmo da
musica, aquilo a se agitar freneticamente dentro dela, e a saltar pelo olhar,
era simplesmente o ritmo intenso e sublime daquela saborosa alma. Naquele
momento percebi que havia achado uma ser capaz de curtir sem sofrer. Alguém que
tinha capacidade de olhar pra trás e não morrer de culpa nem orgulho, mas que
sempre viveu com a essência das coisas... seu andar tinha substancia, classe,
vindo principalmente disso. Era tudo incrível, eu simplesmente precisava
daquilo.
A
essa altura um tipo alto, meio viado, com uma camisa ridícula e dois talhos na
barba que mereciam uma marca de sangue tragava icônica e plasticamente um
daqueles finos cigarros light. Garotas desgastadas logo apareceram vestindo
caricatos trajes numa tentativa forçosa de representar um cabaré, e bem, aquilo
parecia um bordel, todas as coisas desnecessária estavam lá, as putas também. A
tentativa de impor um sentimento tão fake sem notar a solida e massiva
mediocridade real daquilo tudo. Ao meu lado a moça se comportava como um gato:
impassível, curioso, intransigente; enquanto a plasticidade do caráter humano
se deflagrava diante de nós. A pornô-chanchada se movia em direção ao balcão,
escapando-me aos olhos, enfim alivio. A gatinha ao meu lado esticava o pescoço,
apontando o queixo para os espaços vagos entre as cabeças amontoadas, erguia-se
na ponta dos pés. Passei o par de sapatos para a mesma mão que segurava a
bebida, abaixei e lhe envolvi as coxas com o braço livre, ergui. Era firme,
leve, cheirosa, o peito se apertando contra a minha cara. Era isso. Foi muito
mais. Eu precisava daquela boca. Agora eu desejava inversamente que a patifaria
demorasse a terminar. Não demorou mais dois minutos. Tive que solta-la... eu
nunca quis.
Fomos
pro bar, minha irmã se sentou de costa pra nós, algo acontecia no palco
novamente, a gata pisou com um pé no descanso do banco da minha irmã,apoiou-se
com as mãos no balcão debruçando-se para trás, eu tava perto, muito perto, seu
braço me enredava no pescoço, escorava aquele perfeito quadril em meu peito.
Aquilo me fisgou, acho que foi isso, dizem que um peixe fisgado perde um pouco
o sentido. Dessa vez durou mais que dois minutos. Eu gostei (se fosse justo
usar esse verbo do passado pra descrever algo que ainda estou sentindo) dela.
Tava tudo espetacular, àquele abraço fez valer a noite. Foi confortante, a
força dela não conflitava com a minha, toda energia se casava. Eu precisava ser
completamente sincero, mesmo no turbilhão confuso de tudo que eu sentia... de
todas essas novidades pelas quais eu não esperei, mesmo há anos por mim
desejada... no fundo você se prepara e faz planos mas nunca sabe ao certo
exatamente como agir. Fui sincero mesmo com toda a complexidade que é externar
sentimentos em palavras e gestos. Ela também tinha algo a dizer; nos beijamos.
A
força daquilo tudo não acabava, ela me surpreendia de novo, deixava claro a
magia do incomum. As coisas aconteceram e fomos pra onde não esperávamos.
Contei um pouco da insanidade que reside em mim, ela também tinha as dela,
olhávamos no fundo dos olhos mal acreditando no que acontecia, sentamos na
calçada pra compartilhar a inocência e as vagas, mas fundamentais, percepções
de nossas almas. Conversamos por horas entre as folhas e o asfalto que irão
ficar marcados em mim. O tempo fugia mas nós insistíamos em dançar a vida
naquele ritmo alucinado, sentíamo-nos
bem, aliviados. As palavras são sempre poucas pra explicar tanto
sentimento, tanta coisa. Por isso te escrevo, tentando te mostrar um pouco do que
não foi dito.