Já me queimei brincando com vela.
Eu já fiz bola de chiclete e melequei todo rosto.
Já conversei com o espelho, e até já brinquei de ser bruxo.
Já quis ser astronauta, bailarina, veterinária, arquiteta e trapezista.
Já me escondi atrás da cortina e esqueci os pés para fora.
Já passei trote no telefone.
Já tomei banho de chuva e acabei me viciando.
Já roubei beijo. Já confundi sentimentos.
Peguei atalho errado e continuo andando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela de arroz carreteiro e brigadeiro.
Já me furei costurando uma roupa. Já chorei ouvindo música no onibus.
Já tentei esquecer algumas pessoas, mas descobri que essas são as mais difíceis de se esquecer.
Já subi escondido no telhado pra tentar pegar estrelas.
Já subi em árvore para roubar fruta.
Já cai da escada.
Já fiz juras eternas.
Já escrevi no muro da escola.
Já escrevi o nome do primeiro amor em árvore também.
Já chorei sentada no chão do banheiro.
Já fugi de casa, e voltei depois de uns dias ou no mesmo momento.
Já corri para não deixar alguém chorando.
Já fiquei sozinha no meio de mil pessoas e sentindo falta de apenas uma.
Já vi o pôr-do-sol cor-de-rosa e alaranjado.
Já me joguei na piscina sem vontade de voltar.
Já bebi ate sentir meus lábios dormentes.
Já olhei a cidade de cima e mesmo assim não encontrei meu lugar.
Já senti medo do escuro.
Já tremi de nervoso.
Já cortei e pintei o cabelo por impulso.
Já quase morri de amor, mas renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial.
Já acordei no meio da noite e fiquei com medo de levantar.
Já apostei em correr descalço na rua.
Já nadei na praia de noite, apenas de roupas íntimas.
Já gritei de felicidade. Já roubei rosas num enorme jardim.
Já larguei tudo para morar sozinha.
Já fiz tudo aquilo que eu dizia que "nunca" iria fazer.
Já me apaixonei e achei que era para sempre, mas sempre era um " para sempre" pela metade.
Já deitei na grama de madrugada e vi a Lua virar Sol.
Já chorei por ver amigos partindo, mas descobri que logo chegam novos, e a vida é a mesmo um ir e vir sem razão.
Foram tantas coisas feitas, momentos fotografados pelas lentes da emoção, guardadas num baú, chamado coração.
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