sábado, março 29, 2014

‘Mães mochileiras’ levam filhos para viagens de aventura pelo mundo

 
Elas estão acostumadas a sair pelo mundo com a mochila nas costas, percorrendo destinos exóticos, dormindo em campings ou albergues da juventude, comendo na rua e fazendo passeios culturais ou trilhas de ecoturismo. Quando os filhos nasceram, resolveram não abrir mão desse estilo de vida e transformaram os pequenos em companheiros de aventuras.
Junto com as suas “mães mochileiras”, Felipe, de três anos, Amelie, de um ano e meio, e Enzo, de sete anos, viajam nesse esquema desde bebês.
Os destinos que eles já conheceram vão desde os vizinhos Argentina, Peru e Chile até os mais distantes Aruba, Nova Zelândia, China, Índia, Rússia e Laos. Conheça as histórias dessas três famílias viajantes.

Felipe tem apenas três anos, mas muitas histórias na bagagem.

Aos 11 meses, ele deu seus primeiros passos em um museu de Bogotá, na Colômbia.
O menino passou o aniversário de 2 anos dentro de um trem na ferrovia Transmongoliana, que vai da Rússia à China. Aprendeu a cumprimentar falando “ni hao” na China e “namastê” no Nepal. Andou de elefante na Tailândia e no Laos e de riquixá na Índia. Deu comida para girafas na Nova Zelândia e brincou com crianças nômades na Mongólia.
Ao todo, ele acompanhou os pais para 26 países. As aventuras das viagens em família são contadas no blog “Felipe, o Pequeno Viajante“.
Felipe fez a primeira viagem com apenas 15 dias de idade. Foi para o Uruguai, que faz divisa com a cidade onde a família mora, Jaguarão, no Rio Grande do Sul.
 Cláudia diz que levar o filho foi uma ótima experiência. “Quando você viaja com criança, as pessoas se abrem muito mais. Você convive mais com os locais, ganha logo a confiança. 
No ano passado, o casal alugou um motor home e passou 40 dias viajando com Felipe pela Austrália e pela Nova Zelândia. Os próximos planos são levá-lo para esquiar em Ushuaia, conhecer a África e fazer uma grande viagem pelos Balcãs, visitando destinos como Kosovo, Sarajevo e Macedônia. “Tenho até medo de que, quando ele crescer, se sature de tanto viajar”, diz Cláudia.
 
 

De mochila pela América do Sul

O nome bem-humorado do blog da fotógrafa Ana Amaral, 32 anos, diz tudo: “Mãe Mochileira, Filho Malinha”. Desde que tinha 3 anos, Enzo, o “filho malinha”, acompanha Ana e o marido nas aventuras pelo Brasil e pela América do Sul.
Sua primeira “mochilada”, como define a mãe, foi para o Chile e a Argentina. Ele também já acompanhou os pais ao Peru e para várias praias, principalmente no Rio Grande do Norte, onde moram.
Programas escolhidos especialmente para agradar ao filho foram incluídos nas viagens. Na Argentina, por exemplo, o show de tango foi substituído por uma visita ao “Museo de los Niños” (Museu das crianças). No Chile, a família foi a um zoológico, e em Lima, a uma ilha de pinguins.

 
Mas certas coisas não mudaram. “A gente não fecha nenhum roteiro, não faz agenda. E também não me preocupo muito em manter a mesma rotina, horário de dormir, de comer. É uma situação diferente, atípica, então eu libero algumas coisas”, diz Ana.
Ana diz que, quando começou a viajar com o filho nesse esquema, as pessoas estranhavam. “Elas acham que ele iria atrapalhar e não iria se lembrar de nada depois, mas não é verdade.”
Para ela, a mentalidade dos brasileiros está começando a mudar. “Uns anos atrás, viajar assim era algo bem europeu. Lá você vê pai com bebê de colo amarrado na mochila. Mas agora o brasileiro está acordando para isso e vendo que não precisa deixar a criança em casa para viajar, mesmo que seja de mochila.”
 
Viajante experiente, Fabiana Guimaro, de 31 anos, adicionou recentemente um item à mochila: a pequena Amelie.
Fabiana e o marido, Eder , compraram uma mochila semelhante à que usam para carregar a bagagem – e que já os acompanhou em uma volta ao mundo de 2008 a 2010 – especialmente adaptada para levar crianças.
A caçula desta reportagem, que tem menos de um ano e meio, viaja com os pais desde os dois meses.
Ela já passou o Carnaval no Espírito Santo, passeou nas praias de Ubatuba (SP), São Miguel do Gostoso (RN) e Aruba (no Caribe) e fez turismo ecológico em Brotas (SP), onde ficou hospedada em um albergue da juventude – os pais queriam acampar, mas choveu e preferiram uma opção mais confortável.
Depois que Amelie nasceu, Fabiana fez algumas adaptações na rotina de mochileira. Incluiu programas infantis no roteiro e observa a disposição da filha. “Tem que respeitar o limite da criança. Não adianta querer levar para passear se ela estiver morrendo de sono”, diz.
Mas a mochileira consegue manter muitas das atividades que sempre curtiu. Fazer trilhas e ir a cachoeiras, por exemplo. “A mochila é tão confortável que dá para caminhar uma ou duas horas seguidas. Ela até dorme”, diz ela, que conta as aventuras da família no blog “Quatro Cantos do Mundo”.
Para Fabiana, “são os filhos que se adaptam aos pais, e não o contrário”. E ela garante que Amelie curte as experiências.
“Ela gosta. Quando vê a cadeirinha, já pede para entrar porque sabe que vai sair para passear. E ela fica tranquila no avião, mesmo em um voo mais longo”, afirma.
O próximo destino da família é Pirenópolis, em Goiás. Eles também querem viajar por 30 dias pelo interior da Austrália no fim do ano e, no futuro, pretendem fazer outra volta ao mundo com Amelie.
“Isso quando ela tiver uns 8 ou 10 anos de idade, para poder entender e curtir mais. Ela vai ter que ficar um tempo fora da escola, mas vai aprender tantas outras coisas diferentes que vale a pena”, diz Fabiana.
Fonte, G1


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