quinta-feira, abril 24, 2014

Valores


Um dia eu decidi viajar e nunca mais voltei.
Não devido ao desafio ou querer ficar; mas simplesmente porque eu mudei .
Atravessei fronteiras que eu nunca pensei que eu iria. Nem no mapa , nem na vida . Eu fui tão longe que olhar para trás não foi sequer confortando mais , foi motivador.
Eu conheci pessoas que eu posso chamar os professores e ganharam conhecimento de que nenhum livro conseguiu me ensinar . Não porque era um segredo, mas porque nunca foi escrito.
No dicionário da minha vida, eu adicionei novos significados para a educação, o medo e respeito.
Eu reaprendi o valor de alguns gestos . Como quando você é uma criança , a espontaneidade dos sorrisos e expressões impõe a forma mais universal de comunicação que existe - a linguagem da alma.
Eu estava protegida por diferentes pessoas, famílias , estranhos , bancos e parques. Entre pisos e seres humanos, ambos capazes de ser tão frio ou de marfin .
Eu já passei por ruas, estações , aeroportos e tenho orgulho de dizer que eu acho difícil relembrar todos os seus nomes. Minha memória compartilha meu desejo para refrescar-se com novos e antigos aventuras.
Fiz amigos de verdade . As amizades que você faz na estrada não desaparecem no espaço ou no tempo. Amigos que confrontam as grandes distâncias e desafiar os longos anos . Estas são as amizades que perduram através de verões e invernos devido à certeza de novos encontros .
Eu vivia além da minha própria imaginação. Eu quebrei expectativas e riqueza intangível acumulado. Eu permiti que meu corpo e alma para tentar outros estados da vida e da consciência.
Eu redescobri o que realmente me fascina. Eu senti arrepios intensos e deu espaço para o meu coração a bater mais rápido do que a minha rotina diária jamais iria permitir .
E você sabe o quê?
Comecei a entender um significado diferente do que é para perder alguma coisa. Assim como nós somos , às vezes, pode ser dura . Mas eu prometo a você que eu posso ser mais que isso. Na verdade , pode ser algo bonito.
Sabendo disso, eu reavaliava alguns dos meus abraços, do respeito de algumas das palavras que eu falei e eu me apaixonei ainda mais com os meus amigos e familiares.
No entanto, eu ainda tenho muito a aprender .
Se qualquer coisa, todas essas experiências conduzir a certeza de apenas uma coisa - eu ainda tenho um monte de lugares para conhecer, as pessoas cruzam com e conhecimento para descobrir .
Um dia eu decidi viajar ...
e foi a partir desse momento que eu percebi que qualquer viagem é só apenas de ida.

Jacqueline Moraes

Cupido


Ultimo Verão

 
Até então, era o mais distante que eu havia estado de casa. A sensação era poderosa. Reforçava uma espécie de necessidade de ir além. Estar longe era como me alongar: fazia sentir-me maior, relaxada e íntimo ao prazer.
Muito sedutor dominar o desconforto. Sentir-se bem em ser absolutamente estrangeira. Talvez a segurança em ser tão desprendido exista na falsa esperança de que todas as raízes permanecem intactas, em casa.
Quando a distância age, no entanto, a própria vida muda os caminhos. Ou os caminhos mudam a vida, pouco importa. A volta, de tão longe, se transforma em uma nova ida. O tempo, o afastamento e as experiências são um convite irreversível à mudança.
Viajar remodela compreensões. Existe a distância que se mede e aquela que se sente. Existe um tempo para nada e um tempo para tudo. Existem algumas verdades que parecem até mentira.
Geralmente, consequente ao retorno, manifesta-se um sentimento inconveniente. A maior distância do mundo experimenta-se, curiosamente, dentro da própria casa. O lugar que era para ser o mais seguro, passa a se tornar desconfortável. Todo o desconsolo de ser estranho em seu próprio ninho.
Como não caber mais.
A sensação é igualmente poderosa. Contudo, oprime. Todo o aprendizado obtido começa a fazer sentido. Lembranças voltam com força. O conhecimento parece ter vida. Por ser vivo, escapa ao controle. Neste momento, fugir passa, então, a ser uma motivação a viajar.
A ideia de partir para se encontrar é tão atraente quanto romântica. Uma cláusula condicional à satisfação plena. Sempre lá, sempre longe. Estar fora para se sentir inteiro. Eis o martírio de muitos que viajam.
Até que, nem mesmo a viagem pode responder algumas perguntas. O prazer é sempre indescritível. Porém, é preciso algo mais.
Um bom viajante também vai para dentro. Ouve seu espírito. Desafia-se a entender que não é o lugar que lhe traz a sensação de liberdade. Compreende o propósito do ir e a interação do estar. Em si,  com resto.
A boa viagem, em realidade, está no encontro da alma com o destino.
 
Jacqueline Moraes

First Time

 
A primeira vez que saí para viajar, sequer imaginei o passo que estava dando. Para mim, parecia um processo ditado por previsões. A mala era pensada a partir das roupas já decididas para cada dia e ocasião. Os dias eram resumidos a roteiros, com rigidez de horário e passeios programados. Sem esquecer do aval, até mesmo, da previsão do tempo.
Se alguém me falasse da magia, não chegaria nem perto de acreditar. Sensações não gostam mesmo de palavras. Sequer desconfiava que a distância era o impulso da liberdade.
Descobri os prazeres de viajar, apenas, quando refletidos em mim. Um latente enriquecimento baseado num encontro de vidas – especialmente daquelas que, se não fosse a viagem, nunca se cruzariam.
Com o tempo, ele mesmo me convenceu a trocar a mala por um mochilão. Aonde ir se tornou mais importante que saber onde ficar. O destino cedeu espaço para o trajeto. O caminho reinventou a linguagem dos significados, além da condição de existência entre dois pontos.
Passei a prestar mais atenção nas pessoas que nas estátuas. Foi quando aprendi a me envolver, de fato, com a importância de uma história. Meus critérios de avaliação passaram a considerar mais os sorrisos que as estrelas de fachada.
Assim, entre famílias e hotéis, preferi tornar-me hóspede por convite.
Viajar sozinho, definitivamente, foi a melhor maneira de descobrir que o melhor parceiro de viagem encontra-se dentro de si. Além da própria evolução, há momentos de pausa e silêncio, herdeiros da verdadeira liberdade.
Quando só, o horário e o destino deixam de pertencer ao consenso. O compromisso segue marcado com o acaso. Segundo o manual dos viajantes, a correnteza prevalece quando não há bordas nem mãos para segurar. Isso, também, me contou uma nuvem.
Uma mochila nas costas, somado a um lugar desconhecido, parece aguçar a sensibilidade. É como se houvesse mais poesia no olhar. O viajante resgata a beleza que a rotina enxuga. Como a chuva que, mediante seu aroma, embeleza o tempo livre das tardes.
Viajar é perceber a sutileza do que tem tudo para passar despercebido.
Quando não há ninguém para conversar, aliás, aprende-se a falar com o silêncio. Na prosa dos pensamentos ou na inspiração das reflexões, torna-se possível descobrir o caminho da própria paz.
Viajar é um constante movimento – por essência, bastante controverso – que se equilibra no colo da pausa. Pequenas ou grandes, a realidade se faz presente. Pelo concreto ou nos seios do abstrato, o dueto do agora. Entre todos os caminhos e as escolhas feitas, experiências e aprendizados são tão subjetivos como idas e vindas. No meio tempo de qualquer momento, com a permissão do fuso, viajar é a chance de nascer de novo.
 
Jacqueline Moraes

Souvenir

 
Para quem viaja, é muito comum deparar-se com a questão “como é o povo tal?” ou “como as pessoas agem em determinado país?”.
Infelizmente, é normal ouvir respostas sobre essas perguntas. Há quem use a experiência de ter estado em um lugar para singularizar comportamentos e atitudes.
Reduzir um país, uma cultura e suas pessoas a uma experiência é tão grave equívoco quanto acreditar que o hino representa a totalidade de suas histórias. A generalização possui o mesmo gene do preconceito. Falsas verdades são criadas pela irresponsabilidade de visões reduzidas a categorizações.
Viver uma viagem é exatamente o oposto. É possível livrar-se da cadeia invisível de comportamento coletivo e observar, plenamente, as individualidades em ação – ou reação. A observação, por si, desobstrui as portas que o julgamento teima em fechar.
Sair da rotina, esquecer horários, padrões e etiquetas. Viajar permite negar o óbvio e navegar por entre e além dos estereótipos mais rasos.
Ao compartilhar uma experiência cultural, deveria se prestar o máximo cuidado para não tornar o fato uma verdade, nem doar às opiniões os trajes do indiscutível.
O discurso preguiçoso busca auxílio em jargões. No entanto, é preciso estar ciente que qualquer tradição é egoísta: sua existência depende da insistência em contar as mesmas histórias.
Por mais que a convivência seja, em inúmeras vezes, através de interações com instituições, a essência de qualquer relação está no contato humano.
Países são pessoas. Estados são pessoas. Culturas são pessoas. São elas que importam. Isto é, apesar dos hábitos praticados por grupos, na raiz mais íntima de cada um há a potência inata de fazer existir sua individualidade.
Mesmo com toda semelhança, nenhum entendimento tem poder de verdade.
 
Jacqueline Moraes